Em uma nota oficial publicada em seu site, o Partido dos Trabalhadores (PT) apontou quem, em sua visão, seria o responsável pela disparada do dólar, que alcançou R$ 6,10 na manhã desta sexta-feira (29). A alta ocorre em meio às reações negativas ao pacote fiscal detalhado no dia anterior pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Sob o título “Faria Lima contra o Brasil: quem ganha com o dólar a R$ 5,91”, o texto, divulgado no portal do partido às 13h13 da quinta-feira (28), poucas horas após a coletiva dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Rui Costa (Casa Civil), acusa o mercado financeiro de agir de forma especulativa, eximindo o governo federal de responsabilidade pela valorização da moeda americana.

A nota inicia citando declarações de Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT:
“Durante semanas, o mercado clamou por cortes, mas quando o governo apresenta um pacote de esforço fiscal, economizando R$ 70 bilhões em dois anos, e propõe uma reforma tributária justa e equilibrada, o que fazem? Jogam o dólar nas alturas! É impressionante a especulação contra o Brasil”, afirmou a deputada em suas redes sociais.

Segundo o documento, a fala de Gleisi reflete um momento em que a Faria Lima evidencia “sua face mais perversa”. Rumores sobre uma reforma do imposto de renda, que isentaria cidadãos com ganhos de até R$ 5 mil, teriam sido suficientes para desencadear uma alta histórica do dólar, alcançando R$ 5,91 — e chegando a R$ 5,99 durante o dia. A moeda acumulou uma valorização de 18,1%, marcando o maior patamar nominal da história, mesmo antes de uma confirmação oficial por parte do ministro Fernando Haddad.

“O impacto vai muito além das cotações nas bolsas. Revela-se uma economia refém das chantagens de uma elite financeira que despreza o bem-estar coletivo. Enquanto Haddad articulava medidas para combater desigualdades e promover justiça tributária, especuladores optaram por salvaguardar seus privilégios, à custa da maioria da população”, segue a nota.

O partido também alertou para os impactos diretos da instabilidade cambial sobre a economia brasileira. O texto menciona que, com o dólar em alta, produtos básicos sofrem pressão inflacionária, os juros aumentam, e o crédito se torna menos acessível para os consumidores.

“Até mesmo setores que tradicionalmente se beneficiam da desvalorização do real, como o agronegócio, enfrentam desafios com o encarecimento dos insumos importados. Essa obsessão pelo lucro imediato, típica do comportamento especulativo, mina o desenvolvimento sustentável e ameaça a estabilidade econômica”, conclui o comunicado.