Os títulos de inflação do governo federal, especialmente o Tesouro IPCA+ (NTN-B), têm sido os favoritos entre analistas e gestores de mercado nos últimos meses. A aplicação em Tesouro IPCA+ com 6% de juro real é vista como uma aposta segura. No entanto, surge a pergunta: esse rendimento pode aumentar ainda mais?

Na última atualização do Tesouro Direto, nesta segunda-feira (10) às 11h50 (horário de Brasília), o Tesouro IPCA+ 2035 oferecia um juro real de 6,26% no vencimento – o maior percentual observado nos últimos 12 meses. Há alguns meses, um prêmio tão alto para esses títulos de inflação era inesperado.

No início do ano, com os cortes na taxa básica de juros (taxa Selic) e a melhora na expectativa da inflação, o mercado previa uma queda no rendimento dos títulos de inflação. No entanto, o cenário mudou.

Atualmente, as projeções indicam uma taxa de juros em dois dígitos ao final do ano, piora no cenário fiscal e na meta de inflação no Brasil, além de um atraso no corte dos juros nos Estados Unidos. Esses fatores fizeram a curva de juros futuros – referência para os rendimentos do Tesouro Direto – abrir.

A mudança no cenário fez com que os investidores se perguntassem se as taxas não continuarão subindo, eventualmente alcançando um patamar de juro real de 7%.

Se isso ocorrer, os investidores que compraram os papéis do Tesouro IPCA+ com 6% de juro real poderiam ser prejudicados pela marcação a mercado negativa dos títulos, o que implica em uma desvalorização no preço dos ativos para quem vende antes do vencimento. Em maio, o Tesouro IPCA+ 2035 acumulou uma queda de 2,78% no valor.